Entre os Dois

Eu escuto a conversa entre os dois.

Observo atenta a troca de olhares, os sorrisos e a cumplicidade que começa a ser tecida entre eles. E à medida que escuto e observo, eu aprendo. Aprendo que essas relações são feitas de tantos pequenos encontros e desencontros que só a alma dá conta de guardar. Aprendo que a sutileza do toque entre as mãozinhas ainda tão gordinhas e macias tentando salvar um besouro é facilmente abafada pela pressa que temos em fazer o que é preciso.

E, nessas horas que eu consigo ter a presença pra perceber quando me silenciar, eu permito que outras conversas ganhem espaço. Permito que a voz deles ganhe palco e, ao invés de ensinar como muitas vezes é esperado de nós, eu aprendo. Aprendo a calar. Aprendo a ouvir. E em troca, eu ganho a oportunidade de estar presente nas pequenas conquistas. De ler as entrelinhas que são tão importantes pra nossa formação. E ao ver meus filhos crescendo e se empoderando de si, eu me empodero de mim. Resignifico minha história e meu propósito. E enquanto eu abro espaço pra que eles ocupem seu lugar no mundo, acabo também (descobrindo) e ocupando o meu lugar. 

Que poder tem esse negócio de dar e de servir.  E que lindeza ver que assim a gente não transforma só o outro, mas recria a si.

 
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