Como o tédio é importante para o brincar
Existe uma beza sutil em deixar as crianças brincarem livremente. No brincar afloram pensamentos, sentimentos, ideias. Através do brincar, eles desvendam o mundo e a si mesmos. Entendem as relações, praticam habilidades essenciais para se transformarem em adultos saudáveis. Mas o brincar livre precisa do tédio. Precisa daquele momento em que eles não tem nada pra fazer e se frustram com isso. Precisa de espaço. E como é difícil pra gente dar esse espaço; ter esse espaço.
Crescemos e vivemos fazendo uma coisa depois da outra, o tempo todo, sem tempo pra parar nem pra respirar. Falamos sobre mindfulness, ócio criativo mas não suportamos nós mesmos o tédio. E, por isso, também não conseguimos ensinar nossas crianças a lidarem com ele. No primeiro sinal de chatice, seguimos fazendo o que sempre fazemos: diminuímos o barulho dentro aumentando as atividades e o ruído lá fora. Vamos logo ligando a TV, uma música ou sugerindo nós mesmos uma brincadeira.
A questão é que a criança (assim como nós) precisa de momentos de pausa. Momentos de vazio; momentos de nada. Elas, assim como nós, precisam do silêncio lá fora pra escutar o que está aqui dentro. De inspiração e de expiração. De expansão e de contração. E quando nos permitimos fazer diferente, abrimos espaço para que elas floresçam. Pra que elas criem e usem esse momento para elaborar sentimentos, medos, alegrias e conquistas.
Quando a gente se permite sair do automático e deixar que as crianças faça o mesmo, a gente sempre se surpreende.