Mãe de dois, abrace o caos
”Abrace o caos, a dor só existe para te expandir.”Lucas Mahat
Já tinham me avisado. A chegada do segundo filho traz de novo o caos. Eu só não sabia que seriam x3 e não x2, como seria o lógico.
Eu relutei muito pra aceitar esse caos. A primeira filha sido tranquila, porque esse caos do segundo? Acontece, meus amores, que eu não vivi um puerpério intenso com a Julia. Ela me trouxe mais leveza, menos cobrança. Eu não imaginava que o segundo puerpério é que cumpriria o papel de me virar do avesso e me atirar no buraco negro dos meus próprios sentimentos.
Foi o Arthur que foi meu espelho. Ele quem chorou meu choro mais doido. Rasgou minhas feridas cicatrizadas a força e me fez olhar pra elas novamente, com amor, com intenção, pra curá-las de vez. Julia me trouxe a perspectiva externa, a tranquilidade e a serenidade de um novo sopro de vida. Arthur foi fogo, que se alastrou, queimou, doeu e permitiu que uma nova semente nascesse dentro de mim. Foi cura profunda, de dentro pra fora. Foi ardor, raiva, frustração e, ao mesmo tempo, amor intenso, apego, entrega.
Pra ele, eu dei até o que não tinha e nesse vazio, encontrei espaço pra deixar florescer algo diferente. A união dos dois me trouxe uma nova forma de olhar a vida e meu papel como mãe e como mulher. Me trouxe a antroposofia, a disciplina positiva, a constelação familiar; clarificou meus valores e começa a revelar meu papel no mundo.
Essa viagem louca da maternidade foi, pra mim, uma viagem sem volta. Onde uma Ana morreu pra outra viver. Onde eu me perdi e me encontrei tantas vezes.
Onde precisei ressignificar e aprender a me colocar, com firmeza e gentileza. A conhecer meus valores e fazer escolhas que os honrem. Foi onde encontrei minha maior força e é onde deixarei meu maior legado.
Respeito ao próximo e ao mundo, gentileza, empatia, evolução constante, amor a mim e ao outro.