Entre irmãos
Uma das coisas mais bonitas de ter mais de um filho é observar como eles constroem a relação entre eles. Talvez por eu não ter tido uma relação próxima com meu irmão, sempre quis muito que a Julia e o Arthur pudessem saborear uma amizade tão intima e tão intensa. Estudei muito pra entender como eu, mesmo de fora dessa relação, poderia criar o ambiente favorável para essa semente florescer. E é quase uma cura pra mim (sim, mais uma) ver eles se tornando caminho um pro outro.
Vejo eles dia após dia construindo um caminho de confiança, cumplicidade e companheirismo. Percebo como Julia é lanterna pro Arthur, iluminando o mundo com sua luz pra que ele o entenda através do seu olhar sem limita-lo como muitas vezes nós, adultos, fazemos. Ela deixa que ele construa sua própria visão e aprende com ele também nesse lindo diálogo. Enquanto ela busca ensinar pra ele sobre como tudo funciona, as regras da casa e os porquês da vida, ela mesma aprende e elabora. Aprofunda seu entendimento do ambiente à sua volta. Em troca, ele a presenteia com atenção e com um olhar de tão profunda admiração que alimenta sua alma de amor e de importância. Ela se sente útil e única.
Arthur também, por ser irmão mais novo, tem mais coragem de desafiar as regras, de questionar. E, por vezes, abre espaço para que a Julia também ouse, crie e experimente mais. E assim, ele também se sente admirado e importante. Quando eles brigam, eles tem a oportunidade de aprender a dialogar, propor soluções e exercer a paciência e a espera, tão raros nos adultos de hoje. Eles treinam a escuta, e a capacidade de abrir mão do que se quer para dar vez (e voz) ao outro. Eles aprendem a respeitar o não e o espaço de silêncio que tanto precisamos. Ele é espelho, ela moldura. Ele é ousadia, ela acolhimento.
Juntos, eles aprendem sobre as relações humanas. E eu também.