Um novo olhar sobre a maternidade
Talvez essa história comece um pouco diferente do que você poderia imaginar. Não, eu nunca sonhei em ser mãe.
Irônico, talvez, um livro sobre maternidade começar assim. Mas essa é a minha história e, como nós só partimos mesmo de quem somos, então é aqui que eu começo.
Eu nunca sonhei em ser mãe porque, como muitas mulheres, eu via na maternidade uma prisão. Eu queria ser livre, leve e solta. Ter uma carreira de sucesso, viajar o mundo, conhecer pessoas interessantes. E, nesse contexto, casar, ter filhos… tudo isso me parecia extremamente castrador e limitador. Não à toa eu tinha essa visão, né? A maternidade como a conhecemos hoje é fruto do patriarcado. Sim, é. Se tivessem me falado isso antes de toda essa jornada, eu ia pensar: “ah.. Lá vem o povo falar do patriarcado de novo.” Não é exagero. Falaremos disso no detalhe depois.
Essa maternidade que conhecemos tem dois estereótipos:
A mártir - a pureza martirizada da santa mãe que se dissolve e entrega para os filhos dedicando sua vida a eles. Abdicada de si, ela é santificada. Sem ela mesma, ela espera que os outros devolvam a ela tudo o que ela dá. Uma espécie de crédito emocional. Não é de graça, não se enganem. A conta chega em algum momento em forma de cobranças ou ressentimentos. Nem é por acaso. Essa mulher, tão oprimida em vários aspectos da sua vida, encontra na maternidade o seu “lugar ao sol", o lugar onde ela pode brilhar e…. mandar. Sim, mandar. Porque, essa mãe, muitas vezes tão diminuída e submissa, pode entrar no modo “totalitário“ quando o assunto é “coisas da casa". Ela ajuda a todos, ela sabe tudo. Com isso, ela controla a dinâmica. Sente que todos “dependem” dela e isso a confere “poder”. O perigo: a conta do crédito emocional. Em algum momento será cobrada. Dos filhos, do marido. Se ela não receber o amor e a atenção que espera, ela fica ressentida e cobra.
A moderna - entre fraldas e reuniões, dá conta de tudo: marido, casa, filhos, trabalho, amigas. Vive a vida no equilíbrio de pratos, sempre com a sensação de não ser suficiente e de estar devendo a todo mundo. Apesar de parecer exteriormente que essa pode ser uma boa escolha, ela também afasta essa mulher de si. E entre mil compromissos das crianças, do trabalho e do marido, essa mãe também está perdida de si e em algum momento a conta também vai chegar em forma de burnout, em ausência emocional dos filhos, falta de paciência, brigas com o parceiro, depressão, ansiedade. Essa mulher perdida em si, continua se esforçando para atender as demandas e expectativas que a sociedade tem dela. E, assim, fica EXAUSTA. Está sempre sem energia, cansada.
Por trás das fotos e imagens bonitas das redes sociais, as duas estão desconectadas de si. Cansadas. Resignadas. Compraram a ideia de que ser mãe iria trazer felicidade, completude que desejavam e encontraram, no lugar, solidão e muito muito trabalho.
Eu olhava essas duas opções e não me reconhecia em nenhuma. Não queria viver tão dividida entre trabalho e família e muito menos abdicar da minha essência por outros.
Minha busca era e continua sendo pela inteireza. Por poder ser quem eu sou.
E, mesmo com essa intenção e consciência, eu nem podia perceber que já vivia na roda dos ratos e na ilusão. Ainda não era essa ilusão da maternidade. Era a do mundo business.
Eu tinha uma carreira que amava, era cheia de fazer networking, coaching, reuniões de estratégia e tudo isso que eu realmente curtia. Eu só não percebia que esse preenchimento com ideias de sucesso que vinham de fora tampouco me ajudava a ser inteira nem a entrar em contato com minha essência. Pelo contrário, eram distrações que me faziam crer que estava chegando lá sem nem saber onde o lá era de fato.
A ilusão do sucesso nos pega de jeito e nos leva a acreditar que estamos ganhando no jogo da vida. Doce essa ilusão. Enquanto tentamos nos adaptar ao mundo extremamente patriarcal dos negócios, também nos afastamos da nossa mais pura essência.
Resultado: mulheres perdidas e com um vazio dentro, independente da sua escolha de ser mãe ou não.
Tá, mas onde entra a maternidade aí?
O que eu quero te apresentar é uma outra visão da maternidade. Que não é cor-de-rosa. Nem romântica. Muito menos apática.
É uma maternidade vermelho-sangue. Potente. Vibrante. Que encontra no amor a força propulsora para evoluir, para buscar sua essência e o que você tem de mais verdadeiro. Nesse caminho, a inteireza tão desejada acontece de dentro pra fora. A união com sua mais pura e verdadeira essência.
Eu acredito numa revolução que é silenciosa. Ela acontece de dentro pra fora cada vez que uma mãe desperta para o poder que tem dentro de si e consegue acessar a maternidade como força de empoderamento.
Quero te apresentar a maternidade como um portal iniciático e espiritual poderosíssimo.
Que não te prende nem subjulga. Pelo contrário, que te mostra o caminho para descobrir e desenvolver poderes internos jamais sonhados. Que te leva numa conexão tão profunda com você mesma que você não doa amor e atenção aos filhos e ao parceiro, você transborda.
Transborda a verdadeira felicidade de saber quem se é.
Inspira por saber se respeitar e respeitar seus limites.
Liberta por te colocar num lugar de conexão profunda com seu verdadeiro EU.
Seu EU SOU, que te guia no caminho e na jornada.
Da maternidade pra vida. Porque a melhor jornada é pra dentro.