Eu não quero filhos obedientes
Até ter filhos e entender que eles são o futuro que a gente quer ver; que fazer um mundo melhor começa em nós, sim, mas se concretiza neles, eu nunca tinha pensado como nosso ideial de filhos obedientes é prejudicial ao desenvolvimento da criança e pode comprometer esse tão sonhado futuro.
Foi estudando sobre educação respeitosa que eu entendi que não quero crianças obedientes, mas sim, crianças que estão conscientes das suas ações, que entendem a responsabilidade das suas escolhas e tem coragem pra dar voz ao seu coração.
As crianças vêm ao mundo com uma alma, que tem um propósito e precisa ocupar um lugar e exercer sua força no mundo. Nós estamos aqui para ajudá-la a florescer e se sentir livre para sua caminhada.
Muito mais do que detentores dos direitos e deveres das crianças, donos da voz soberana que manda, indaga e cala seus desejos mais simples, nós devemos ser exemplo. De escuta, de respeito, de amor e de empatia.
Uma criança que aprende a calar diante da autoridade, que entende que ambiente seguro é aquele em que um lado apenas é dono da verdade, que vive em um lugar onde os mais "fracos" se submetem ao desejo dos mais "fortes" é uma crianca que vai crescer um adulto permissivo, que não se posiciona; que se submete ao outro seja ele um chefe ou um namorado. Ou que, sem saber ouvir, ao contrário, vai ser a voz que cala o outro menor que ele, retomando pra si o poder do qual foi destituido lá no início.
Não se enganem, meus amores. Crianças obedientes seguem líderes sem questionar. Votam sem responsabilidade pelas suas escolhas. Se envolvem em relacionamentos abusivos só pra citar alguns. A obediência é um véu negro que colocam diante das nossas crianças. Que sufoca e oprime.
Pra ter um mundo mais justo, com mais igualdade de gênero, raça, com mais respeito ao outro precisamos abrir mão da nossa vontade de controlar esses pequenos que, em seu íntimo, trazem a semente sa mudança. E aprender a ser autoridade sem ser autoritária.
O caminho não é gostosinho. É preciso se despir de verdades construidas há gerações, é preciso abrir mão do controle pra dar lugar ao diálogo. É preciso assumir que nem sempre sabemos tudo, nem sempre temos razão e que está tudo bem.
Se abra pra possibilidade de não criar uma criança obediente, mas uma consciente e empoderada de si.
Nesse caminho, ao construir essa relação de respeito, escuta e amor com seu filho acredite: quem vai se curar é você.
Vamos juntas?